A cultura paternalista, onde existia aquela relação em que o médico mandava e automaticamente o paciente obedecia, existiu até aproximadamente 15 anos atrás. Era uma percepção comum de cima para baixo, mas que hoje, com as mudanças de comportamento e de paradigmas e a evolução das relações, tornou-se mais linear e criou um novo desafio para os médicos, que precisam se adaptar à nova realidade.
Como as coisas funcionam hoje
Atualmente o paciente já vem com o diagnóstico pronto. Ele procurou na internet e leu tudo o que podia sobre o seu problema. O que ele busca, na maioria das vezes, não é mais um diagnóstico, mas sim uma conduta médica.
Esse cenário trouxe a oportunidade e também o desafio de estabelecermos uma conexão, principalmente em um momento em que as relações estão muito superficiais.
O paciente deve ser o personagem principal dessa história e cabe a nós sermos o seu guia. Guiar aquela pessoa que está ali precisando de ajuda, de apoio e de cuidados médicos, vai gerar conexão.
Mas como guiar pessoas tão diferentes?
No nosso consultório atendemos diariamente pessoas muito diferentes. Entender, e aceitar, essas diferenças é primordial para melhorar a qualidade do nosso atendimento. ⠀⠀
Mas antes de identificar a personalidade dos outros, precisamos conhecer a nós mesmos. Uma das ferramentas que podemos usar para o autoconhecimento é o ENEAGRAMA, que divide as personalidades humanas em 9 tipos. Eu falo mais sobre isso nesse texto aqui.
Ao entender a nossa própria personalidade, temos em mãos a chance de agir ao invés de reagir. Conhecer nossos padrões de resposta à determinadas situações nos permite evitar “cair” no automático, respirar fundo e tomar a decisão mais assertiva. ⠀
Os 3 pilares da nova relação médico-paciente
Para que a relação médico-paciente seja efetiva, precisamos aprender a distinguir o que é necessidade e o que é desejo do nosso paciente. O desejo tem a ver com ouvir o que ele tem a dizer (escuta ativa), fazendo perguntas e prestando atenção nas respostas sem julgamento. Eu posso não concordar com o que ele fala, mas se eu mostro que eu entendo as condições que ele tem, isso gera empatia.
Já a necessidade é quando vamos nomear o problema do paciente, vamos falar pra ele que sabemos tratar, que já tivemos outros casos parecidos com o dele. É uma forma de demonstrar conhecimento naquilo que sabemos fazer, gerando autoridade e confiança.
Há quem chegue no consultório querendo um abraço, acolhimento e atenção, quando na realidade o que ele precisa é de um remédio ou de uma cirurgia. Quando entendemos a diferença entre desejo e necessidade e separamos essas coisas, conseguimos criar uma conexão forte e podemos melhorar a experiência desse paciente.
Em suma, a grande chave da relação médico-paciente são os três pilares:
- Empatia;
- Autoridade;
- Conhecimento.
Baseados nesses três pilares, podemos ser o guia que o nosso paciente deseja, oferecendo o que ele, de fato, necessita.
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